Há na classe trabalhadora brasileira uma categoria que passa décadas em atividade e não é reconhecida pelas leis que regem as relações de trabalho.
São os vigias noturnos.
Eles guardam o sono e o patrimônio das famílias que lhes pagam, muitas vezes até em moedas.
Não têm nenhum direito do trabalhador comum assegurados.O vigia noturno é uma espécie de primo pobre do vigilante, cuja atividade é fiscalizada pela Polícia Federal.
O vigia trabalha mais, se expõe mais e não tem nenhum direito – seja a salário ou a benefícios da Previdência Social – que o vigilante que trabalha com “carteira assinada”.
O vigia não sabe nem quanto recebe por mês. Isso porque, a contribuição vai de acordo com o humor do “morador/patrão”.
A profissão está prevista na Classificação Brasileira de Ocupação (CBO) com o número 5174.
Mesmo assim, milhares de vigias trabalham pelo Brasil todo sem nenhuma garantia: nem a salário, nem a uma velhice digna, nem à vida.
Trabalhando no breu da noite,os vigias noturnos são alvos fáceis dos criminosos.Muitos são mortos apenas para deixar a rua que trabalhavam livre para a ação dos bandidos.
Contando apenas com seu celular, ao constatar uma ação criminosa,o vigia tenta se proteger enquanto avisa à polícia ou tenta acordar o morador da casa prestes a ser arrombada.
O índice de morte é grande, mas a necessidade desses homens é maior e, diante da falta de formação e do emprego formal,eles aceitam “guardar o sono alheio” e receber o salário fatiado no final do mês.
